#NaMira: ensaio fotográfico mostra Fer Escarião além do Youtube

Se você é uma pessoa viciada em passar horas e mais horas vendo vídeos no Youtube, é impossível que nunca tenha ouvido falar ou assistido algo do Fer Escarião, né? O rapaz de 25 anos vem conquistando cada vez mais o seu espaço na internet com todo seu carisma e bordões – que já caíram na boca do povo. Mas será que você sabe de verdade quem é ele? O Na Mira existe para te mostrar que ele é muito mais do que aquele que te faz rir com palhaçadas a cada vídeo.

(Reprodução/Talita Alencar)

Apesar de muita gente achar que o sapão é brasiliense, ele nasceu em São Paulo, mas se mudou para a capital do Brasil quando tinha apenas oito anos de idade. E mesmo que todo o seu sucesso tenha crescido no Youtube, o gato começou a ganhar fama na web através do aplicativo Vine. Fernando, que sempre foi muito criativo e colocava tudo isso em seus vídeos curtinhos, acabou viralizando rapidamente na rede social e em pouco tempo já era um dos viners mais famosos do Brasil.

“Se eu pudesse mandar um recado para o Fernando do Vine, eu ia falar assim: ‘Meu anjo, vamos parar de fazer essas piadas xenofóbicas, homofóbicas, misóginas, gordofóbicas…’ (risos) Eu acho que eu era uma pessoa totalmente diferente. É… eu me divertia muito fazendo mas minha mentalidade mudou muito; lá [no Vine] eu falava muita coisa que hoje eu assisto e penso ‘Meu Deus, olha o pensamento que eu tinha na época!’ e com certeza se eu fizesse Vine hoje eu não faria muitas das piadas que eu fiz na época.”
(Reprodução/Talita Alencar)
(Reprodução/Talita Alencar)

Mesmo com as coisas dando certo de uma forma avassaladora na vida do rapaz, no auge de todo o seu sucesso no Vine, onde todos achavam que sua vida era um mar de rosas, ele entrou em um grande conflito pessoal em busca de sua identidade. Como o Fer mesmo já contou em um vídeo, aos 21 anos de idade ele não tinha um amigo se quer e muito menos tinha vontade de sair da zona de conforto do seu quarto; até que um dia resolveu voltar para São Paulo na expectativa de poder recomeçar do zero, e foi aí que tudo começou a mudar na vida do rapaz.

“Não tem como falar se, sei lá, mesmo depois de dois ou três anos mesmo morando em Brasília eu ainda seria a mesma pessoa, é difícil saber isso. Mas eu acredito que sim, porque eu não via escapatória pra mim estando lá, por que eu era de um meio totalmente hétero, totalmente fechado, eu não tinha contato com gays… Minha família não tinha amigos gays que frequentavam a nossa casa, então as minhas referências eram nulas e eu tinha um super preconceito, achava errado e acabava sofrendo muito quando alguém da minha família soltava alguma piada ou algo do tipo. E eu sofria porque eu sabia que eu era [gay] no fundo, mas que eu nunca poderia ser por medo de, sei lá, virar motivo de chacota entre a minha família, o que não aconteceu, minha família super me aceitou bem. Mas talvez se eu ainda estivesse em Brasília, talvez, eu ainda estaria dentro do armário trancado à sete chaves.”
(Reprodução/Talita Alencar)
(Reprodução/Talita Alencar)

Morando com sua irmã e sem um equipamento de primeira classe, Fernando migrou para o Youtube, onde logo no começo do canal resolveu se libertar do passado e assumir/aceitar quem ele realmente era. O vídeo onde ele desabafa sobre toda a fase ruim que ele teve em sua vida é um dos mais vistos do canal e, com pouco mais de onze minutos, o rapaz conseguiu mudar muitas vidas e ajudar muitas pessoas que passavam pelo mesmo. Isso sem contar a sua determinação, que fez ele crescer não só como Fer Escarião, mas principalmente como Luis Fernando.

“Eu acho que assim, eu já entrei pra produção de vídeos na internet sabendo aonde eu poderia chegar. Eu não cheguei nem em ⅓ do que eu imagino que eu possa fazer ainda, é uma coisa meio prematura. Acho que eu ainda não me profissionalizei o tanto que outras pessoas já se profissionalizaram, mas eu entrei no Youtube sabendo que aquilo poderia se tornar uma profissão e a minha ideia sempre foi essa, desde o começo, por que eu estava super perdido nos meus trabalhos e eu queria mesmo me arriscar pra transformar isso no meu ganha pão – e eu consegui.”
(Reprodução/Talita Alencar)

Atualmente, Fernando foca somente nas coisas que ele gosta, sem se preocupar com o que os outros irão pensar, e é isso que faz tantas pessoas simpatizarem com os seus vídeos. E não falamos só dos vídeos do Youtube, não, Snapchat e Insta Stories também, já que o youtuber sempre fez questão de mostrar que é gente como a gente, e que apesar do quase meio milhão de inscritos, ele também passa pelos perrengues da classe C.

“Se eu pudesse escolher com a visão que eu tenho hoje, acho que no passado eu não abriria a minha relação amorosa. Eu fiz isso uma vez e eu não gostei do resultado do público de cobrança, de querer saber por que terminou, por que não estamos mais juntos… Então, acho que hoje em dia, se eu chegar a namorar de novo, o que com certeza vai acontecer por que eu não quero ficar solteiro pro resto da vida, mas se acontecer de novo, obviamente que as pessoas vão saber que eu tô num relacionamento, mas não seria extremamente exposto como foi da primeira vez. (…) Simplesmente deixaria a galera ciente de que eu namoro mas não transformaria isso num entretenimento.”

Não dá pra gente falar dele sem citar os bordões que ficaram eternizados na boca do povo, né? “Nossa que sapão”, “Vai lavar a casa da cachorra”, “the monia”… Nós podíamos ficar até amanhã falando e explicando todos eles pra você, mas ainda precisamos falar também do amor e carinho que o gatão tem pelo seu bonde – que assim como a Anitta fala em ”Show das Poderosas”, é bem pesado e cheinho de poder.

“Acho que a parte mais difícil de tem uma galera me acompanhando é não poder falar abertamente sobre todos os assuntos da maneira que eu falo com seus amigos, por que a galera deposita em mim um certo pudor, um certo trato em falar dos temas assim. Então… Tem horas que eu, sei lá, me revolto com algum comentário ou alguma coisa e fico com vontade de mandar todo mundo pra aquele lugar; só que eu não faço por que eu sei que tem muita gente ali que me assiste e não merece ouvir aquilo, que se inspira em mim, enfim… Têm famílias que me acompanham, tipo mães e pais de alguns meninos e meninas que me acompanham, então às vezes eu me sinto um pouco podado, tipo ‘Ai não vou falar isso porque não é legal falar isso.’”

Isso sem contar o empoderamento e resistência que ele passa através de seus vídeos para todo o público LGBT que o assiste, mostrando que mesmo sendo difícil, mesmo se auto-rejeitando e chegando no fundo do poço, é possível você reerguer e ser você mesmo brilhando no mundo com bastante glitter, lantejoulas e unhas pintadas – que durante um tempo foi a marca de Fernando nas redes sociais.

(Reprodução/Talita Alencar)
“A principal mudança que aconteceu quando eu publiquei o vídeo me assumindo foi a liberdade que eu consegui ter pra me comunicar do jeito que eu queria me comunicar, por que até então, era uma coisa muito engessada. Eu não queria demonstrar nenhum trejeito nem nenhum esteriótipo de ser gay, então eu travava aquilo de um jeitinho assim meio hétero por que a formação de hétero que eu tinha na minha cabeça não me deixava transparecer nada da minha feminilidade. Então, depois do vídeo isso mudou muito e foi toda uma desconstrução… à cada vídeo eu me sentia mais eu e mais liberto pra fazer as coisas que eu queria fazer, tipo me comunicar do meu jeito, mais espontâneo, mais livre e sem tabu. […] Teve até uma época que eu estava pintando a unha e eu acho que isso era mais uma forma de expressão por que eu estava passando por algumas coisas na minha vida e não sei, acho que aquilo me distraía e eu me expressava assim.”

(Reprodução/Talita Alencar)

E pra servir de inspiração para muitas pessoas, é óbvio que ele também precisa ter em quem se inspirar, né? Mesmo sendo fã de várias pessoas, Fernando não pensa duas vezes quando fala que quem te inspira é ninguém menos que Beyoncé. Para ele, o fato dela lidar com a fama sem se expor o tempo todo nem se envolver em tretas com frequência é algo que deve ser aplaudido de pé e totalmente inspirador.

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“Eu sou louco na Beyoncé, né? Eu já assisti o documentário dela zilhões de vezes, eu gosto muito de várias entrevistas dela… O jeito que ela fala, o jeito que ela pensa sobre as coisas, o profissionalismo e até mesmo o fato de lidar com a fama e não se expor tanto… É muito difícil você achar polêmicas que envolvem ela e isso me inspira muito à só fazer minha arte e não causar muito nem viver da exposição de treta, de disse-me-disse, eu acho que ela é muito pé no chão, sabe? Como artista é a minha grande inspiração. Só que não sei, acho que é meio inacessível escolher ela como uma pessoa que eu eu passaria um dia, por que eu nem sei como ela pessoalmente, tenho medo de um dia conhecer ela e ser uma coisa totalmente inatingível (risos). Não sei se ela conversaria com qualquer pessoa, mas sim, se EU pudesse ESCOLHER, eu passaria um dia com ela, só não sei aonde… de repente numa praia conversando – e eu ia perguntar tudo da vida dela.”

(Reprodução/Talita Alencar)

“Eu não tenho noção do que vou estar fazendo daqui à cinco anos… Mas acho que provavelmente vou estar fazendo alguma coisa que envolva entretenimento ou estar à frente de alguma coisa, apresentando alguma coisa, enfim… […] Eu gosto disso de criar coisas pra outras pessoas consumirem, acho que é mais nesse sentido do que no sentido de estar com a cara no sol o tempo inteiro. […] Meu maior sonho é acumular muita experiência, conhecer muita gente, fazer muita coisa inédita e conhecer muitos lugares por que eu comecei a viajar (pra fora do Brasil) recentemente e eu não quero mais parar.”

(Reprodução/Talita Alencar)

 

NA MIRA – FEBRE TEEN: Fernando Escarião

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