“It’s Not That Deep”: O álbum que devolveu Demi Lovato à pista de dança (e à sua felicidade)

O nono álbum de estúdio de Demi Lovato, It’s Not That Deep (2025), que estreia nas plataformas à meia-noite, leva uma provocação que funciona como um conselho: “Não é tão profundo… A menos que você queira que seja.”, um lembrete sincero de que nem tudo na vida precisa ser dramático. 

Depois de quatro anos imersa no rock com o punk rock de Holy Fvck (2022) e as releituras do Revamped (2023), Demi encontra um novo e curioso caminho: o EDM. Não, não é a primeira vez que ela flerta com o eletrônico, mas dessa vez é diferente. É um retorno àquele espaço onde a voz dela sempre brilhou mais, só que com a maturidade de quem se reencontrou e retomou as rédeas da própria carreira.

Para essa volta, Demi se uniu ao produtor Zhone, conhecido por dar vida a hits de Kesha, Charli XCX e Troye Sivan. A colaboração é inexplicavelmente surpreendente. O álbum é um convite para se divertir: sintetizadores vibrantes e batidas que te fazem dançar pela casa. É uma atmosfera eletrizante que fala de amor, pedidos de desculpas e do prazer que é se autoconhecer, tudo isso com um sorriso no rosto. 

Podemos começar pela campanha do álbum? Espontânea, divertida e sem medo de encarar o passado. Demi simplesmente decidiu que não vale a pena “levar tudo a sério demais”. Ela revisitou situações (e memes) que antes a deixava constrangida (como vimos nos clipes de “Fast” e “Here All Night”), mostrando que a melhor forma de lidar com o passado é rindo dele.

Essa nova leveza, visível na artista noiva e feliz, não só influenciou a criação do disco, como transborda em cada faixa. O trabalho é otimista, mas ainda tem o toque humano de vulnerabilidade que é conhecido em seus trabalhos anteriores. 

“Eu tinha a tendência de ficar presa ao passado ao compor, porque costumo tirar inspiração de experiências pessoais. Mas esse álbum é totalmente sobre olhar para frente e viver o momento. E o lugar onde estou agora é realmente bom — e isso precisa ser celebrado. Eu quis escrever um álbum que refletisse o meu humor atual e a energia que eu tenho. No fim das contas, ele ficou ousado, divertido e, tipo… não tão profundo.”, contou Demi à Vogue.

Demi Lovato lança seu nono álbum de estúdio, “It’s Not That Deep” (Foto/Divulgação)

A sonoridade explosiva de “Frequency” é o cartão de visitas: a letra fala sobre a sintonia perfeita de um casal, usando metáforas divertidas (“explore meu espaço sideral/estamos viajando na mesma vibração”), que se fundem em uma batida pulsante retrô futurística, encomendado perfeitamente para pistas de dança LGBTQIA+. Já em “Little Bit”, a cantora explora a tensão do início da paixão, questionando “nossas paredes são tão altas, mas e se as deixarmos cair?”, uma dúvida que todo mundo se faz.

É um álbum dançante, sim, mas com propósito. E isso se deve muito a Zhone, que consegue complementar a voz poderosa de Demi sem roubar o brilho. “Let You Go” e “Say It” são exemplos disso. Ou “In My Head”, onde o embalo continua com uma produção e composição assinada por Jutes, marido da cantora. “E eu não posso deixar de pensar na vida que eu viveria se eu pudesse superar isso/você ainda está na minha cabeça”.

Mesmo com a batida dominando, há espaço para uma conversa mais íntima e pessoal. Afinal, estamos falando de Demi Lovato. Na faixa “Sorry to Myself”, Demi faz um acerto de contas final: “Desculpa pela fome/desculpa pelo trabalho exaustivo/desculpa pelo ex que sempre me derrubava”. É um ato de perdão a si mesma, reconhecendo as lutas com distúrbios alimentares, o cansaço dos relacionamentos que a fizeram sofrer (não só os amorosos).

Essa nova perspectiva de vida também aparece em “Before I Knew You”, onde ela olha para trás, para um relacionamento mas que rapidamente volta ao presente, franzindo que “só olha para trás às vezes”. A única pausa total na euforia é “Ghost”, a faixa final, uma balada que soa como uma doce despedida, cantando “Espero que você pisque as luzes e me cause arrepios… Quero ser assombrada pela sua presença para sempre”

Esqueça tudo o que você tenha ouvido dessa cantora que vos falo. O retorno do “Popvato” é um presente de Demi Lovato para ela mesma e para os fãs que estão aqui desde o início. It’s Not That Deep não só abre as portas para a nova fase de Demi, mas também destaca a importância de celebrar a vida. Dance, se divirta, viva o presente e deixe o seu coração aberto.

Nota: 4,5/5

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