Caso Valentina Schulz e #MeuPrimeiroAssédio: precisamos falar sobre a necessidade do feminismo

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Segundo pesquisa feita pelo Datafolha em 2018, 42% das mulheres do Brasil afirmaram já terem sofrido alguma forma de assédio sexual, seja em casa, no trabalho, ou no transporte público. Piadinhas sem graça, cantadas quando não são requisitadas e olhadas constrangedoras são apenas algumas das diversas formas de assédio sexual que mulheres de todo Brasil e de todo o mundo sofrem diariamente. Mas, por que estamos falando sobre isso?

Aos 12 anos a chef Valentina Schulz foi vítima de um escândalo de assédio sexual e, já que era menor de idade, virou um caso de pedofilia. A situação foi vivenciada pelo país inteiro, já que tudo começou quando ela entrou no Masterchef Júnior Brasil, um reality show de culinária onde jovens chefs competem pelo prêmio. Por sua beleza, Valentina chamou a atenção de diversos homens e garotos nas redes sociais, e então, o pesadelo começou. Vários comentários esdrúxulos e de caráter pedófilo começaram a aparecer nas redes sociais logo na estreia do programa, como por exemplo: “Viu o penta do São Paulo, já aguenta”, referenciando ao fato de que a menina já seria capaz de fazer sexo.

Na época, o pai da competidora afirmou que os comentários não chegaram ao conhecimento de Valentina, já que um moderador tomava conta das redes sociais dela. A Rede Bandeirantes, onde o programa é exibido, também se manifestou dizendo que o foco do programa sempre foi e sempre será o talento culinário das crianças, e que os comentários feitos eram “desagradáveis manifestações de extremo mau-gosto”.

Em 2020, Valentina decidiu começar com o pé direito e publicou em seu Instagram, um vídeo recitando uma poesia que ela mesma escreveu, exaltando a necessidade do feminismo na vida dela, e de tantas outras mulheres. Confira:

Agora, chegamos ao ponto crucial dessa postagem: a necessidade do feminismo. Muitas mulheres podem acreditar que não precisam do feminismo para nada, que ele é apenas uma questão de “doutrinação ideológica” e “lavagem cerebral” nas pobres crianças que são vítimas e manipuladas. Mas, o feminismo nos trouxe tudo que temos hoje. Graças à ele, mulheres podem votar em seus governantes. Graças ao feminismo, mulheres podem trabalhar. Graças ao feminismo, mulheres tem melhores oportunidades de emprego. Graças ao feminismo, as mulheres tem voz. Sem essa corrente, mulheres de todo o mundo ainda estariam vivendo submissas aos seus maridos e pais, tendo que viver para ser recatada e dona de casa. BASTA!

O apelo da Valentina é de todos e todas, é de todo o movimento feminista e de toda a humanidade: as mulheres querem andar na rua sem serem assediadas. As mulheres querem andar de transporte público, sem o medo de ter algum homem se achar no direito de encostar no corpo dela. Precisamos do feminismo para protegermos umas as outras de situações desse tipo. 

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Na época, o site Think Olga criou uma hashtag que repercutiu o país inteiro. a #MeuPrimeiroAssédio juntava várias mulheres e meninas que compartilharam as histórias de quando sofreram o primeiro assédio da vida delas, e não é surpresa pela maioria ter sido enquanto eram crianças, assim como a Valentina. Se o feminismo fosse ensinado, corretamente, e as mulheres estivessem unidas, quantas histórias poderiam ter tido um final diferente?

Não podemos deixar que calem nossas vozes, somos mais fortes que isso! Para denunciar casos de assédio de forma anônima basta ligar para o número 100, se não se sentir confortável ligando, mande um e-mail para denuncia.ddh@dpf.gov.br (o e-mail é da Polícia Federal). Além de fazer a denúncia, é importante contar com apoio psicológico, então não sinta medo de procurar um especialista para lidar com suas emoções. Pedofilia e assédio são crimes. 

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